Baba de camelo, uma sobremesa com um nome estranho. Deve ser a sobremesa com a designação mais estranha até à data e para já sem rivais dignos.

É verdade que existem mil mitos e apenas uma realidade, mas conta-se que terá sido uma invenção da dona Valentina, uma dona de casa Lisboeta, que, no final da primeira metade do século XX, recebeu inesperadamente muitos convidados para o jantar, e que enquanto pensava no que fazer para sobremesa, ter-se-á apercebido da escassez de ingredientes na sua despensa, mas, arranjou-se como pôde, o verdadeiro desenrasque.

Sem tempo e com poucos ingrediente, viu-se forçada a utilizar a imaginação. E chegada a hora de comer a sobremesa, com receio que o doce não chegasse para todos os convidados, apresentou-a como “Baba-de-Camelo”, com a esperança que alguns se abstivessem de provar o doce, o que parece ter resultado, MAS, reza a lenda que os que provaram adoraram a invenção da senhora.

Dona Valentina teria na sua despensa pelo menos uma lata de leite condensado e decidiu cozer numa panela de pressão para ser mais rápido e para sua surpresa quando abriu a lata, o conteúdo apresentava uma consistência bastante espeça e acastanhada, com uma sabor algo caramelizado.

A sua primeira publicação terá surgido na revista Banquete, no Nº 17 em Julho de 1961. Terá também aparecido na famosa Tele Culinária e Doçaria, no Nº 131 a 19 de Julho de 1979, e também mais tarde no Nº 612 a 5 de Novembro de 1990. Em ambas as revistas tentaram renomear a já famosa sobremesa, tentando incutir mais seriedade com o nome “Mousse Caramelo de Leite” ou mesmo “Mousse de Leite Condensado” mas aparentemente sem sucesso.

Baba-de-Camelo é um nome peculiar e uma iguaria de babar por mais, mas veio para ficar. Continua a ser um doce importante nas mesas portuguesas e nos nossos restaurantes mais familiares.